domingo, 21 de abril de 2013

"Mercadoria", definição

Definição básica, a partir de parâmetros marxistas, do que vem a ser "mercadoria", e alguns comentários sobre a questão do valor. Também, algumas considerações sobre o porque, nem todo produto do trabalho humano pode vir a ser considerado "mercadoria". Texto do colunista Bruno Torres.

Mercadoria é tudo aquilo que é produzido pelo trabalho humano ou mecanizado e posto à venda. Entretanto, o Marxismo reconhece que existem mercadorias que não necessitam do trabalho humano para existirem, como os recursos naturais, porém ainda sim, é necessário trabalho (humano ou mecanizado) para extraí-lo. 

Mas devemos fazer a ressalva de que mercadoria é um status adquirido por um produto, e não qualquer produto do trabalho. Por exemplo: se um homem fabrica em seu próprio quintal uma caneta e ele mesmo a usa, então a caneta não possui o status de uma mercadoria, mas é apenas um produto de um trabalho. Portando, a condição de existência de uma mercadoria, é ter valor de uso para outra pessoa, isso é, ter valor-social, mas não apenas isso, pois ela deve ser posta a venda ou para troca com outras mercadorias.

Marx mostra com um exemplo de um trabalhador feudal, que nem todo produto feito para outra pessoa (e não a si mesma) é mercadoria:

"Uma coisa pode ser útil e produto do trabalho humano sem ser mercadoria. Quem, com seu produto, satisfaz sua própria necessidade cria valor de uso, mas não mercadoria. Para produzir mercadoria, ele não precisa produzir apenas valor de uso, mas valor de uso para outros, valor de uso social. E não só para outros simplesmente. O camponês da Idade Média produzia o trigo do tributo para o senhor feudal, e o trigo do dízimo para o clérigo. Embora fossem produzidos para outros, nem o trigo do tributo nem o do dízimo se tornaram por causa disso mercadorias. Para tornar-se mercadoria, é preciso que o produto seja transferido a quem vai servir como valor de uso por meio da troca.” (Karl Marx em ‘O Capital’).

O valor-trabalho da mercadoria, assim como de qualquer produto fruto do trabalho, é correspondente ao seu “tempo médio socialmente necessário”. Seu preço, nem sempre corresponderá ao seu valor, mas quanto mais equilibrada a disparidade entre oferta e demanda, mais próximo será o preço do valor real do produto.

- Bruno Torres