sábado, 4 de janeiro de 2014

O Estado no cotidiano de Ribeirão Preto (SP): comitê de gestão da burguesia!

Este texto tem por função denunciar, de acordo com a luta de classes, como atua o poder político [em destaque, o Executivo] de Ribeirão Preto em dedicação única e exclusiva da burguesia municipal, tirando o pouco que ainda têm os trabalhadores da cidade. O artigo mostra isso através de um atual conflito, que gira em torno da internacionalização do Aeroporto.


Uma das bandeiras levantadas pela atual prefeita de Ribeirão Preto (SP) é a internacionalização do Aeroporto Leite Lopes, presente na extrema zona norte da cidade. Mas por que a insistência da prefeita da cidade em  internacionalizar o Aeroporto sem atrasos a todo custo, mesmo que tenha que desocupar várias favelas sem nenhum planejamento prévio?



Em 2014 se inicia a Copa do Mundo e todo a movimentação econômica que vem junto. Em relação com Ribeirão Preto, que há de receber as seleções da França e de Honduras em nossas terras, nos parece muito conveniente de que a prefeita tenha pensado em outra coisa a não ser atender às necessidades da burguesia estabelecida em Ribeirão Preto, internacionalizando o aeroporto para ser uma cidade conveniente para abrigar duas delegações internacionais de futebol, aquecendo o mercado de hotéis, restaurantes e todo o tipo de comércio gerado pela alta burguesia. Ou seja, no final, tudo não passa de um jogo político classista, onde a burguesia precisa e o Estado faz acontecer.



1. Prefeita Dárcy Vera, em nota:



“Internacionalizar o Aeroporto Leite Lopes sempre foi uma de minhas batalhas à frente da Prefeitura de Ribeirão Preto. Ampliar galpões, número de voos, pista e aumentar a capacidade de carga e descarga. Tudo isso para dar mais estrutura aos passageiros e às empresas. Nosso aeroporto terá mais capacidade para atender todos. São passos importantes e fundamentais. E eu tenho trabalhado incansavelmente para que o Leite Lopes se desenvolva.



Nos últimos dias, recebi empresários e representantes de indústrias de Ribeirão Preto que se mostram preocupados com o andamento das obras no aeroporto. Fiquei bastante preocupada sobre o novo relatório.



 A realização de mais um longo estudo atrasaria as obras e todo investimento. Há um cronograma a ser cumprido. Os empresários contam com essas obras e com o [cumprimento] do cronograma."



(Para entender mais sobre os jogos políticos que a burguesia fez historicamente em torno desta ampliação do Aeroporto Leite Lopes a todo custo, além de beneficiados, acesse: http://novoaeroportoribeiraopreto.blogspot.com.br/)



Mas, e sobre as famílias despejadas? Para onde vão? De onde sairão às novas moradias? Será que, pelo menos, as casas vão sair de alguma reforma urbana? Não.



2. No portal da cidade de Ribeirão Preto foi lançada uma nota:



“A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, conseguiu, junto ao Governo do Estado, mais uma ação prática tendo em vista às adequações necessárias para viabilizar a posterior internacionalização do Aeroporto Leite Lopes. Na manhã desta quarta-feira, dia 30, ela esteve reunida, em seu gabinete, no Palácio Rio Branco, com o superintendente do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp), Ricardo Volpi, e técnicos da Dersa, ocasião em que anunciou a atribuição de 372 apartamentospara famílias que estão no entorno do Leite Lopes e deverão sair da área definida como “Curva de Ruído”, antes do início efetivo das obras de ampliação da pista. Essa ampliação visa a operação de aviões de grande porte, como os de carga.


Esses apartamentos, que estão quase prontos, foram construídos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), no conjunto Eugênio Mendes Lopes, região do Anel Viário. Mediante entendimento entre Prefeitura e o Governo do Estado, por meio do Daesp, esses imóveis serão utilizados para atender a demanda das famílias que precisam deixar o entorno do aeroporto.”



Segundo a nota, todas as famílias que moravam nas áreas de entorno do aeroporto que foram despejadas irão receber nova moradia, ao todo, serão 372 apartamentos.



Seguindo a nota:



"Deslocamento dos 500 metros da pista – Para atender a demanda da Cohab-RP (programa de moradia ‘popular’), a CDHU firmará outro convênio para a construção de novas casas, já que esses apartamentos seriam inicialmente atribuídos a famílias inscritas na Cohab-RP

Diante dessa nova situação e definida a necessidade da saída das famílias da ‘Curva de Ruído’, o Daesp estará desimpedido para o início das obras de deslocamento da pista em 500 metros na direção da avenida Thomás Alberto Whatelly, nas proximidades do Quintino Facci I."



Então, segundo a nota: os apartamentos que serão justamente entregues às famílias despejadas do entorno do aeroporto já seriam entregues como moradia popular às outras famílias em situação de pobreza. Para atender a burguesia, a prefeitura, sob comando da atual prefeita, sequer houve o trabalho de planejar previamente e entregar as casas às famílias do entorno do aeroporto, sem colocar em mais uma longa fila de esperar outras 372 famílias sem casa própria.



O Estado no cotidiano da classe operária de Ribeirão Preto é este: um comitê burguês, gerindo os interesses dos empresários e grandes comerciantes, despejando famílias operárias e atrasando entregas de casas populares em troca da internacionalização de um aeroporto para atender delegações internacionais de futebol, crescendo a demanda da burguesa zona sul.




Notas: