quarta-feira, 15 de maio de 2013

"Braço armado"

Do colunista Bruno Torres, texto que nos introduz na questão dos "meios de coerção física". Afinal, apesar de existir os papéis destas instituições armadas que eles dizem ter, como o de "combater o crime" (para a Polícia Militar), esse papel é meramente secundário, pois o papel primordial das Forças Armadas (Exército, Polícia Militar, etc.) é o de reprimir o avanço daqueles que querem subverter a ordem e construir o novo.

Sabemos bem como surge a sociedade de classes, que é por meio da divisão social do trabalho, e na medida em que surgem as classes, os embates entre classe dominante e classe explorada já começa. A partir daí as classes dominantes vêem a necessidade da criação de instituições que legitimem o poder deles sobre o povo trabalhador. Esse conjunto de instituições criado por conta dos antagonismos de classe chama-se Estado, que é nada mais nada menos que o monopólio da coerção física e jurídica que a classe dominante se utiliza para frear o avanço da classe trabalhadora.

O Estado é responsável por manter a classe explorada como a classe dominante quer: dominada. Porém uma coisa está sendo ignorada nesse raciocínio. A mera existência de uma instituição que “dá permissão” que a sociedade deve ser dividida em classes/castas não garante que as relações sociais desiguais de mantenham caso o povo descubra que não deve se submeter a uma classe.
  
O que acontece caso a “ideologia da classe dominante” falhe, isso é, caso os meios coercivos ideológicos não forem o suficiente para conter a classe trabalhadora quieta?

Observamos aí, que a classe dominante vai notar que é necessário algo além dos aparatos de repressão ideológicos, para eles se manterem como membros da classe dominante, eles vão precisar de aparatos de repressão física. Caso a ideologia da classe dominante não consegue conter as massas eles iriam recorrer a um aparato repressor físico.

Observe que a presença de exércitos profissionais/oficiais legitimados pelo Estado, ou mesmo um corpo de homens armados legitimado pelas lógica de sociedade da época (como o caso dos cavaleiros medievais, que não necessariamente um Exército Permanente) só se inicia quando a humanidade está num dado momento histórico onde a existência de classes está se consolidando.
  
Tanto nas sociedades egípcias (modo de produção asiático), quanto na Roma antiga (modo de produção escravista) ou na Europa medieval (modo de produção feudal) havia um aparato repressor físico. No Egito eles eram o Exército a serviço da elite sacerdotal ou divina. Na Roma eles eram um Exército a serviço do Estado romano, e na idade média eram os cavaleiros que estavam submissos aos suseranos através da vassalagem.
  
Onde há classes sociais existe um exército, um corpo de homens armados, submetido aos interesses da classe dominante.

No capitalismo, atualmente, há a presença do Estado (um Estado de caráter burguês), de meios de propagação da ideologia da classe dominante, que são meios de comunicação que deviam servir para informar, mas são utilizados pelas elites locais, como meios de disseminação e difusão da ideologia da classe dominante, e da propagação de manchetes que atendam os interesses das elites locais, e há também a presença de um aparato repressor, que são: o Exército, o Choque, a Polícia Militar e etc..



Repressão policial durante assembleia dos professores
sobre continuação da greve em São Paulo, 10 de Maio.

Repressão policial à jovem manifestante durante
 assembleia dos professores sobre continuação da
greve em São Paulo, 10 de Maio.


Polícia agride professores durante assembleia dos professores
sobre continuação da greve em São Paulo, 10 de Maio.



Assim como os instrumentos de propagação da ideologia da classe dominante (como a Globo) não é assumidamente um instrumento da classe burguesa, as Forças Armadas não são declaradamente cães de guarda da burguesia. Mas por isso o materialismo se faz necessário, afinal "se a aparência das coisas coincidisse com a essência das coisas, a ciência seria desnecessária", isso é, mesmo que não digam que seja, na prática eles são sim, os cães de guarda da burguesia. Como diz o ditado: “na prática, a teoria é outra”.
  
Se a propriedade privada dos meios de produção ou a produção de capital estiverem sujeitos a ameaças ou prejuízo (como ocorre em protestos e greves), eles estarão lá para reprimir os manifestantes e o povo trabalhador, e no caso do Brasil chegou ao ponto de realizarem um golpe para proteger os interesses de uma diminuta Elite nacional e do imperialismo norte-americano (golpe de 1964).
  
Por fim, podemos concluir que o Braço armado da burguesia atua pelos interesses dos exploradores, e que não devem ser confundidos com trabalhadores comuns, pois eles são trabalhadores, mas não agem a partir da consciência de classe, estão na verdade atuando para atrasar o avanço da classe trabalhadora, e caso for necessário o embate com eles, que assim seja. Nós não temos nenhuma pretensão de “pegarmos leve”.

No fogo da luta, os soldados fiéis ao seu povo, e leais a classe trabalhadora brasileira, serão necessários na luta, e muito bem aceitos quando formado um Exército Revolucionário. Dessa forma, poderão desertar das fileiras das Forças Armadas da burguesia, para ingressar as fileiras do Exército revolucionário de libertação, caso sejam soldados verdadeiramente comprometidos com o povo.

Neste sentido, o proletariado revolucionário, deve rechaçar e combater a existência de forças armadas e instituições que legitimem o poder econômico da burguesia, afim de edificar seu próprio poder, construindo suas próprias instituições, na base do avanço de seu próprio exército. Para isso, precisamos reorganizar a esquerda revolucionária no Brasil, seja na maturação teórica e ideológica, seja na inserção nas massas.

- Bruno Torres