Conhecendo a história da revolução, sabemos
que a revolução cubana liderada por Fidel Castro na ilha que estava sob uma
ditadura implantada pelos EUA, foi feita com o intuito de conseguirem algumas
metas, que seria a soberania nacional (visto que estavam submetidos aos
interesses dos EUA), a dignidade da população (devido a educação precária e
outros problemas) e a democracia (já que viviam num regime sem voz política).
Só analisando de modo crítico podemos observar o decorrer das relações entre
Cuba e EUA e se os cubanos conseguiram chegar as metas citadas (soberania,
dignidade e democracia) que é o que queremos mostrar com esse texto. Afinal,
eles conseguiram ou não?

Alguém
poderia questionar “que crimes” seriam esses dos quais falo, alegando que eu
estaria reproduzindo “propaganda comunista”, mas uma declaração de Jhon Kennedy
desmente tal questionamento sem a menor dificuldade:
“Eu
acredito que não há nenhum país no mundo, incluindo qualquer e todo país sob
dominação colonial, onde a humilhação da colonização econômica e a exploração
foram piores do que em Cuba, em parte devido às políticas do meu país durante o
regime de Batista. Eu aprovei a proclamação que fez Fidel Castro em Sierra
Maestra, quando justificadamente clamou por justiça e, especialmente, desejava
livrar Cuba da corrupção. Vou até ir mais longe: em certa medida, é como se
Batista era a encarnação de uma série de pecados por parte dos Estados Unidos.
Agora vamos ter de pagar por esses pecados. Em matéria do regime de Batista, eu
estou de acordo com os primeiros revolucionários cubanos. Isso é perfeitamente
claro.” (Entrevista com Jean Daniel, 24 de Outubro de 1963).
A
chamada “Emenda Platt”, era, talvez, a maior evidencia da falta de
autonomia política de Cuba naquela época. A Emenda Platt assegurava aos EUA o
direito de intervir politicamente em Cuba. É possível falar de Cuba como
nação independente após a expulsão dos espanhóis? Não. A revolução de 1959
teve, portanto, como primeiro e principal sucesso, o de garantir a soberania
nacional cubana. Não é a toa que o lema da Republica de Cuba hoje seja o grito
de guerra “Patria o Muerte”.
Como
se não bastasse, o governo revolucionário realizou uma reforma agrária que
viria a beneficiar 200 mil famílias e nacionalizou bancos e empresas
norte-americanas! Ao mesmo tempo, o governo revolucionário prejudica a
parasitaria oligarquia rural e a parasitaria burguesia industrial
norte-americana instalada em Cuba. Isso, para os EUA, não poderia passar de um
ultraje. Foi a gota d’agua que levou ao rompimento de relações diplomáticas
entre os dois países. Em outras palavras, foi o momento em que o governo
americano percebeu que “não, aquele governo não seria submisso a seus
interesses”.
“A
reforma agrária de 1959 foi o Rubicão de nossa revolução. Uma sentença de morte
para as nossas relações com os EUA” (Raul Castro, em uma conversa com Sean
Penn)
Seria
idealista e, inclusive, infantil, analisar o apoio que deram os Estados Unidos
(tanto midiática quanto militar ou diplomaticamente) a grupos “pró-democracia”
em Cuba. Seria, alias uma clara distorção histórica dos fatos.
Vejamos,
por exemplo, como atuava – e atua – o grupo “Hermanos al
Rescate”, que supostamente ajudava desertores cubanos a se exilar nos
EUA.
Como
demonstra Fernando Morais em seu livro “Os últimos soldados da guerra fria”,
tal grupo atuava invadindo o espaço aéreo cubano e despejando diversos
panfletos, incitando o povo a se rebelar e derrubar o governo de Fidel Castro.
Muitos poderiam dizer: “E daí? Fidel Castro é um ditador e merece ser
derrubado!”; mas a questão é que a soberania nacional cubana deve ser
respeitada, e o apoio de um governo estrangeiro a atos como esse mostra
claramente o desejo que tem os americanos, de intervir em Cuba. Por causa da
democracia? Não, fosse assim teriam se aproveitado da Emenda Platt para parar o
ditador Fulgêncio Batista. Por causa das oligarquias ianques expropriadas em
Cuba? Sim, com certeza.
Poderia
ainda discordar de mim alguém fortemente contrario ao governo cubano. Porém
cabe mais aqui citar o que disse Cecilia Capestany, diretora da FAA (repartição
federal estadunidense a qual cabe fiscalizar o cumprimento das leis áreas)
sobre as incursões da Hermanos no espaço aéreo cubano, em um momento em
que os EUA, por razões diplomáticas, era obrigado a respeitar a soberania
cubana:
“(...)
Não sabemos se a Hermanos participará com aeronaves. (...) O Departamento [de
Estado americano] solicitou que a FAA emita advertências a fim de evitar e
dissuadir possíveis violações do espaço aéreo cubano. O governo cubano
não abandonou sua posição de tomar sérias medidas para defender sua
soberania nacional” (Citado em “Os últimos soldados da guerra fria”, grifos
do autor do artigo).
É,
portanto, evidente o motivo pelo qual o governo americano apoia
incondicionalmente estes mesmos grupos em outras ocasiões. Fica evidente,
também, que devemos chamar este apoio de “provocação imperialista”, jamais de
“louváveis ações diplomáticas” do governo estadunidense. Estão mais do que
claras as intenções do governo estadunidense para com a República de Cuba: A
volta da submissão que foi finalizada pela revolução cubana.
No
entanto, estas intenções se tornam difíceis de serem alcançadas se fizermos um
balanço histórico das conquistas da revolução cubana desde 1959.
Portanto,
cabe aos que desejam fazer uma analise critica e materialista da revolução,
pensar novamente nas bandeiras pelas quais ela se levantou: A soberania, a
dignidade da população cubana, e a democracia. Já vimos que a primeira foi
conquistada com sucesso. Mas e a segunda?
Podemos
traçar um quadro interessante quanto a isso. Na Cuba pré-revolucionária, as
mortes por tuberculose, malaria e tifo eram comuns. A poliomielite era outra
doença comum (Dado do livro de Alfredo Boulos Junior, “Historia, sociedade e
cidadania – 9 ano”.). A expectativa de vida naquela Cuba era de 51 anos (Dados
da Cepal). Em 2005, ano da renuncia de Fidel, a expectativa de vida em Cuba
era de 73 anos (Cepal também), sendo que não hão mais casos de
tuberculose, malaria, tifo ou poliomielite. Conforme foi confirmado pela UNICEF
em 2005 – ano da renuncia do ”ditador tirano” – Cuba é o único país libre de
subnutrição infantil.
Antes
da revolução, cerca de 42% da população no campo era analfabeta, e passava
fome. Hoje, ainda sob a gloriosa revolução, 99,8% da população com mais de 15
anos é alfabetizada (“The world fact book”, CIA) e Cuba lidera o ranking
de qualidade na educação primaria da America Latina (NY Times, “Cuba leads
Latin America in primary education, study finds”).
Quanto
ao terceiro e talvez mais problemático objetivo da revolução – o da democracia
– há muito que se falar. É fato, como a mídia burguesa em geral adora nos
lembrar, que em Cuba não há uma mídia independente e atuante, muito menos uma
mídia opositora. É fato também que a repressão teve seu lugar na Cuba
revolucionaria, que fuzilamentos e execuções políticas aconteceram. Mas nada
disso releva o fato de que a democratização se iniciou em 1974, com as
primeiras eleições. Ate então, tínhamos passado por um período de “linha dura”
da revolução socialista, que foi se descentralizando e se democratizando desde
então.
Hoje,
podemos perceber, há participação de opositores nas eleições cubanas, embora
raramente vençam (O que é culpa apenas deles próprios, de forma alguma
evidencia da censura e ditadura do governo cubano).
Na
verdade, o que temos hoje em Cuba é um modelo peculiar e exemplar de democracia
nascendo: Sem lobby, sem propaganda partidária, sem filiação partidária, e sem
estar, de maneira alguma, submisso aos interesses norte-americanos, como é
exposto por Juan Marrero em seu texto “Outra vez eleições em Cuba?”.
Ficam
as conclusões do texto:
A) Os
EUA querem derrubar o regime socialista em Cuba, pois ele desafia seus
interesses.
B) O
regime socialista em Cuba deu soberania para a República.
C) O
regime socialista em Cuba deu dignidade para a população cubana.
D) O
regime socialista em Cuba está criando uma nova forma de democracia.
-
Da administração da pagina Centro do socialismo
Em
defesa de Cuba, e do Partido Comunista Cubano!