quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Drogas, o Mercado que pode salvar o capital do Colapso


Que as drogas são aliadas da burguesia... Isso não é novidade. Qualquer um que tentar analisar a história e até a atual conjuntura percebe isso sem muitas dificuldades. Mas, agora, quando a economia internacional se encontra em colapso total no berço da burguesia e é aberta uma perspectiva de revolução proletária nunca vista antes, a burguesia enxerga nas drogas, o mercado que enfim pode salvar o Capital e vai adiar a ascendência dos trabalhadores ao poder por mais longas décadas, assegurando mais tempo de exploração da burguesia pelo proletariado.

É histórica a importância das drogas para a burguesia. Foi com ela que a mesma desarticulou o grande partido dos “Panteras Negras”, nos Estados Unidos; fez com a guerrilha revolucionária na Colômbia, encabeçada pelas FARC, que teve seu “filme queimado” mais do que já é na imprensa internacional; e com a ajuda da mesma (droga) que hoje, a direita desarticula boa parte da juventude mundial, tirando a perspectiva de luta do grupo em que, segundo o filósofo inglês Alan Woods, é o “termômetro da sociedade” e que o grande Lenin caracteriza como a “chama mais acesa da revolução”.

Para provar mais uma vez que a burguesia tem a droga como uma arma para manter seu poder: ela (a burguesia) vê na legalização da Cannabis Sativa (mais conhecida como a maconha), uma distribuição da droga bem ao estilo “livre-mercado”, a alternativa mais viável e menos “perigosa” para sair da crise atual. O jornalista americano Doug Fine acredita que a legalização da maconha possa ajudar a salvar a economia dos EUA e, para provar sua tese, passou um ano numa comunidade rural que tem na droga 80% de sua economia, ou US$ 8 bilhões por ano. Segundo um professor de economia de Harvard, entrevistado no livro, a droga poderia ter rendido aos cofres do governo US$ 6,2 bilhões em impostos em 2011 e, após sua legalização, esse número poderia subir para US$ 47 bilhões². Com esses dados fica explicito o real motivo de ícones da burguesia como Eike Batista, Fernando Henrique Cardoso defenderem, somente agora, a legalização das drogas.

Cientistas políticos afirmam que a atual vitória de Barack Obama no pleito norte-americano, carregou consigo a legalização da maconha (que já é legalizada em alguns lugares nos EUA, para uso medicinal na Califórnia e até no uso recreativo em Washington³). Obama traz no seu discurso a alternativa da legalização. Afinal, ele, teoricamente, julgou que a guerra às drogas não deu certo. O curioso, é que a guerra às drogas foi declarada por um ícone da burguesia, Richard Nixon, e logo após essa politica ser implantada, a mesma já dava claros sinais de insucesso, pois não trazia nenhum beneficio social. Mas só agora, quando o colapso no capital é imprescindível, a burguesia levanta essa bandeira, com a falida desculpa de julgar sua atitude no passado de errônea e que vai corrigir para salvar a sociedade do tráfico.

Sabemos que a criminalização do uso da droga também não traz beneficio social, pois não garante que a mesma não está sendo usada, e ainda põe o monopólio do comercio nas mãos do traficante que usa de violência explicita para defender seu “território de comercio”, mas a saída não é entregar o mercado nas mãos da burguesia, para que ela, por meio de reformismo, salve o capital internacional e adie por mais longas décadas a revolução proletária.

O agravante é ver partidos e entidades de esquerda lutar pela legalização, sem analisar a conjuntura “pós-legalização”, e integrarem movimentos que apoiam o que viria a ser, uma derrota para o proletário mundial, que após a crise do inicio do século passado, ver a atual conjuntura como mais uma grande chance para a ascensão do socialismo.
“A droga é só mais uma ferramenta do sistema, que te envenena e te condena”, o rapper Gabriel “O Pensador” nesta frase retrata bem o papel da droga na sociedade. O proletário não deve recorrer a uma arma do seu inimigo contra si próprio, o proletário revolucionário não deve lutar por uma reforma que vai levar por água a baixo a perspectiva de vitória de sua classe perante o seu explorador. O proletariado não precisa de drogas.

Em relação a maconha, que é uma droga leve, e que pode ser usada para outros fins sem ser estritamente o fim recreativo, podemos recorrer sim, a “não-criminalização” da planta e também de seus usuários, porém sem se iludir de que legaliza-la com bandeiras de “livre-circulação” da maconha sob o capitalismo será algo benéfico a sociedade. Podemos ter a regulamentação desta droga, sob uma sociedade socialista, tendo a criação de estufas estatais que direcionem o uso da planta para os fins recreativos (com limite de distribuição para um usuário registrado), medicinais e até para a produção de fibras que podem ajudar como matéria-prima de produtos.

Não à livre-circulação das drogas! As drogas em uma economia capitalista de livre-mercado sob o julgo da burguesia é um mal à classe trabalhadora.

- Felipe Santana


Notas:

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