No
Sinttel (Pernambuco) no começo de Novembro realizou-se mais um debate do
Projeto Espaço Socialista. O Projeto
tem aproximadamente um ano de caminhada, e é organizado por grupos de estudos
independentes, o GEMARX, GEMOC e GEPMARX[1]. Periodicamente estes grupos de
estudos organizam e promovem palestras ou debates, com acadêmicos, militantes
até representantes de forças políticas.
Marcela Batista, Consulta Popular |
No
11º encontro do Projeto Espaço
Socialista o tema abordado foi “Esquerdas não institucionais e movimentos
anticapitalistas”, onde movimentos não institucionais foram convidados
para a mesa, a fim de que apresentassem suas organizações, as suas leituras de
conjuntura, bem como seus programas políticos (sua carta-programa de metas). As
forças políticas que estiveram presentes foram: a Consulta Popular, o MEPR, a Unidade Vermelha, a Síntese Socialista.
Em
nome da Consulta Popular, quem falou foi Marcela Batista. “Apesar das contradições do governo popular
do PT, era bom se manter um canal de dialogo. E mesmo que reclamem do PT, se a
direita for eleita será bem pior.” Foram alguns dos posicionamentos
defendidos pela Consulta Popular
representada por Marcela Batista. Também defendia que “espaços e entidades que a esquerda está perdendo, devemos nos esforçar
para recupera-los em vez de criarmos entidades ou movimentos novos, como as
tradicionais entidades de Movimento Estudantil, inclusive a UNE”.
David Cavalcante, Síntese |
Em nome da Síntese Socialista, estava na mesa David Cavalcante. “Não se pode se apegar a modelos de organizações revolucionárias antigas que serviam somente para determinada época, como foi o partido bolchevique na Rússia czarista” foi um dos posicionamentos defendidos por David. O mesmo também falou “De modelos de organizações antigos da história, se tem o método eleitoral como foi o de Allende no Chile; e também temos o modelo de formação de um grupo militarizado como um Exército que toma o Estado como num assalto ao Poder, se enfatizando a via violenta, como em Cuba ou na China e dentre outros, mas que podem ser desapropriados para o Brasil” e “Temos de buscar meios para o para o ganho dos movimentos sociais, contra opressões, o ganho da consciência social e não necessariamente a formação de um grupo ‘militarizado’”.
R. Mineiro, MEPR |
R. Mineiro em nome do MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário) falou que “Tentar justificar os erros do PT com declarações de que o PT é ‘menos pior que a direita’ é uma posição de conciliação de classe. Em SP foi a prefeitura do PT junto do governo do PSDB que trabalharam na repressão as reivindicações dos jovens contra o aumento da passagem. E foi o PT que pôs a Força Nacional pra bater em estudantes. Seja PSDB ou PT, o cassetete é o mesmo, dói de igual maneira”. Também alegou que “É importante construir novos movimentos sociais, novas formas de organismos de reivindicação que não sejam cooptadas e submetidas ao governismo”. E sobre a necessidade de meios coercivos violentos para luta revolucionária alegou que: “Desde Engels, o mesmo falava que só há dois extremos de organização política: A violência organizada da classe dominante, e a violência desorganizada das massas, e que o único meio de se chegar a revolução é tornando a violência desorganizada das massas numa expressão organizada”.
Bruno Torres, Unidade Vermelha |
Além do que R.
Mineiro falou acerca da violência das massas, Bruno Torres representando a Unidade
Vermelha falou “A necessidade do
uso de meios coercivos violentos é uma necessidade histórica. A burguesia e a
reação possui o mais rico aparato de repressão violenta, maior do que qualquer
grupo revolucionário pode ter, então, os revolucionários não podem se dar ao
luxo de não edificarem também alicerces para a vitória Militar da revolução,
para resistir aos aparatos de violência da reação”. E sua avaliação sobre o
governo PT era de que “Tal como na
essência dos problemas sociais, a transição do Regime Militar para a
redemocratização não representaram nenhuma mudança efetiva na estrutura da
sociedade (as mesmas classes mandam e tem os mesmos privilégios), a transição
do PSDB para o PT também não tocaram de maneira alguma no fundamental do
problema, e pelas palavras do próprio ex-presidente Lula “os bancos nunca
lucraram na história do Brasil como durante o governo PT”; foi o PT que colocou
a Força Nacional para bater em manifestantes, e foi complacente quando as
Policias em cada estado batiam e prendiam a torto e a direito.”.
Houve intervenção do plenário e tocaram em vários
assuntos, as principais dentre elas: A
inserção da mulher na luta revolucionária, e questão da internet (até onde é proveitoso seu uso ou
não, e a sua importância).
A Síntese Socialista alegou que, as
organizações de esquerda que não se preocuparem em tratar da questão do combate
a opressões (incluso aqui, movimentos feministas), são organizações
desatualizadas, que tinham de deixar de serem retrogradas; numa linha parecida,
a Consulta
Popular reforçou a mesma ideia. E sobre a questão das mulheres, a Unidade
Vermelha citou o exemplo do movimento de mulheres da Índia (o KAMS) que
é um movimento antimachista ligado aos revolucionários indianos, onde “o movimento conseguiu garantir inúmeras
conquistas as mulheres dentro do movimento comunista, e tem importante papel no
que concerne a afastar a misoginia e o machismo das fileiras do Exército
Popular, exército esse que tem entre 30% e 40% de mulheres como membros,
portando armas, e sujeitas a provações que muitos homens não suportariam”.
Na questão virtual, o MEPR não se aprofundou
tanto, mas reforçou a importância da edificação de veículos de informação
independentes, e apresentou um jornal que o MEPR apoia, o Jornal A Nova Democracia. A Síntese
Socialista – de modo muito acertado – lembrou que a esquerda não pode
ficar a reboque de corporações e empresas como o Facebook no que concerne a
veículos de informação, justamente por se tratar de uma corporação que pende a
atender interesses bem definidos (como várias vezes censurou arbitrariamente
páginas de esquerda, e deixa páginas fascistas e nazistas circularem). Nesse
ponto (da questão virtual), a Unidade Vermelha defendeu que a
internet era somente um meio de agitação e propaganda das ideias
revolucionárias, além de servir para repasse de informações e notícias, mas
nunca deve ser utilizada como algo orgânico (i.e. como método de organização);
mas não reduziu a importância da internet e enalteceu que inúmeros
revolucionários no mundo, ainda hoje lutam para conseguir manter portais de
repasse de notícias e informação como é o portal RedBloc da Índia, que é quase como um veículo de informação
clandestino para os comunistas indianos poderem se atualizar e repassar
informações sobre a luta revolucionária. Além disso, no que concerne a
veiculação de informações, a Unidade Vermelha, devido ao apoio
que dão ao nosso jornal independente e alternativo do Vermelho à Esquerda,
levaram alguns exemplares para venda e exposição.
Notas:
[1] – Respectivamente: Grupo de Estudos Marxianos,
Grupo de Estudos Modernidade do Capital e Grupo de Estudos e Pesquisas
Marxistas.