terça-feira, 20 de novembro de 2012

Cuba, as provocações e o processo revolucionário


Conhecendo a história da revolução, sabemos que a revolução cubana liderada por Fidel Castro na ilha que estava sob uma ditadura implantada pelos EUA, foi feita com o intuito de conseguirem algumas metas, que seria a soberania nacional (visto que estavam submetidos aos interesses dos EUA), a dignidade da população (devido a educação precária e outros problemas) e a democracia (já que viviam num regime sem voz política). Só analisando de modo crítico podemos observar o decorrer das relações entre Cuba e EUA e se os cubanos conseguiram chegar as metas citadas (soberania, dignidade e democracia) que é o que queremos mostrar com esse texto. Afinal, eles conseguiram ou não?



Era previsível, a qualquer um que observasse a relação dos EUA com Cuba antes de 1959, que um triunfo da revolução ali seria arduamente perseguido e condenado pelas autoridades imperialistas: Os EUA perderiam uma semicolônia que rapidamente se transformaria em uma referencia aos povos do Terceiro Mundo que quisessem se libertar destas mesmas correntes, e, ainda por cima, ela os apoiaria a conseguir tal desejo. Especialmente na America Latina, onde, a história mostraria diversas guerrilhas inspiradas na de Sierra Maestra surgiriam.



Como se não bastasse a questão geopolítica, também seriam revelados os crimes cometidos pelo imperialismo na região. A ideologia dominante da sociedade ocidental moderna seria abalada pelo questionamento ao capitalismo, especialmente em sua forma mais brutal e arrasadora: A do neocolonialismo.



Alguém poderia questionar “que crimes” seriam esses dos quais falo, alegando que eu estaria reproduzindo “propaganda comunista”, mas uma declaração de Jhon Kennedy desmente tal questionamento sem a menor dificuldade:



Eu acredito que não há nenhum país no mundo, incluindo qualquer e todo país sob dominação colonial, onde a humilhação da colonização econômica e a exploração foram piores do que em Cuba, em parte devido às políticas do meu país durante o regime de Batista. Eu aprovei a proclamação que fez Fidel Castro em Sierra Maestra, quando justificadamente clamou por justiça e, especialmente, desejava livrar Cuba da corrupção. Vou até ir mais longe: em certa medida, é como se Batista era a encarnação de uma série de pecados por parte dos Estados Unidos. Agora vamos ter de pagar por esses pecados. Em matéria do regime de Batista, eu estou de acordo com os primeiros revolucionários cubanos. Isso é perfeitamente claro.” (Entrevista com Jean Daniel, 24 de Outubro de 1963).



A chamada “Emenda Platt”,  era, talvez, a maior evidencia da falta de autonomia política de Cuba naquela época. A Emenda Platt assegurava aos EUA o direito de intervir politicamente em Cuba.  É possível falar de Cuba como nação independente após a expulsão dos espanhóis? Não. A revolução de 1959 teve, portanto, como primeiro e principal sucesso, o de garantir a soberania nacional cubana. Não é a toa que o lema da Republica de Cuba hoje seja o grito de guerra “Patria o Muerte”.



Como se não bastasse, o governo revolucionário realizou uma reforma agrária que viria a beneficiar 200 mil famílias e nacionalizou bancos e empresas norte-americanas! Ao mesmo tempo, o governo revolucionário prejudica a parasitaria oligarquia rural e a parasitaria burguesia industrial norte-americana instalada em Cuba. Isso, para os EUA, não poderia passar de um ultraje. Foi a gota d’agua que levou ao rompimento de relações diplomáticas entre os dois países. Em outras palavras, foi o momento em que o governo americano percebeu que “não, aquele governo não seria submisso a seus interesses”.



“A reforma agrária de 1959 foi o Rubicão de nossa revolução. Uma sentença de morte para as nossas relações com os EUA” (Raul Castro, em uma conversa com Sean Penn)



Seria idealista e, inclusive, infantil, analisar o apoio que deram os Estados Unidos (tanto midiática quanto militar ou diplomaticamente) a grupos “pró-democracia” em Cuba. Seria, alias uma clara distorção histórica dos fatos.



Vejamos, por exemplo, como atuava – e atua – o grupo “Hermanos al Rescate”, que supostamente ajudava desertores cubanos a se exilar nos EUA.



Como demonstra Fernando Morais em seu livro “Os últimos soldados da guerra fria”, tal grupo atuava invadindo o espaço aéreo cubano e despejando diversos panfletos, incitando o povo a se rebelar e derrubar o governo de Fidel Castro. Muitos poderiam dizer: “E daí? Fidel Castro é um ditador e merece ser derrubado!”; mas a questão é que a soberania nacional cubana deve ser respeitada, e o apoio de um governo estrangeiro a atos como esse mostra claramente o desejo que tem os americanos, de intervir em Cuba. Por causa da democracia? Não, fosse assim teriam se aproveitado da Emenda Platt para parar o ditador Fulgêncio Batista. Por causa das oligarquias ianques expropriadas em Cuba? Sim, com certeza.




Poderia ainda discordar de mim alguém fortemente contrario ao governo cubano. Porém cabe mais aqui citar o que disse Cecilia Capestany, diretora da FAA (repartição federal estadunidense a qual cabe fiscalizar o cumprimento das leis áreas) sobre as incursões da Hermanos no espaço aéreo cubano, em um momento em que os EUA, por razões diplomáticas, era obrigado a respeitar a soberania cubana:



“(...) Não sabemos se a Hermanos participará com aeronaves. (...) O Departamento [de Estado americano] solicitou que a FAA emita advertências a fim de evitar e dissuadir possíveis violações do espaço aéreo cubano. O governo cubano não abandonou sua posição de tomar sérias medidas para defender sua soberania nacional” (Citado em “Os últimos soldados da guerra fria”, grifos do autor do artigo).



É, portanto, evidente o motivo pelo qual o governo americano apoia incondicionalmente estes mesmos grupos em outras ocasiões. Fica evidente, também, que devemos chamar este apoio de “provocação imperialista”, jamais de “louváveis ações diplomáticas” do governo estadunidense. Estão mais do que claras as intenções do governo estadunidense para com a República de Cuba: A volta da submissão que foi finalizada pela revolução cubana. 



No entanto, estas intenções se tornam difíceis de serem alcançadas se fizermos um balanço histórico das conquistas da revolução cubana desde 1959.



Portanto, cabe aos que desejam fazer uma analise critica e materialista da revolução, pensar novamente nas bandeiras pelas quais ela se levantou: A soberania, a dignidade da população cubana, e a democracia. Já vimos que a primeira foi conquistada com sucesso. Mas e a segunda?



Podemos traçar um quadro interessante quanto a isso. Na Cuba pré-revolucionária, as mortes por tuberculose, malaria e tifo eram comuns. A poliomielite era outra doença comum (Dado do livro de Alfredo Boulos Junior, “Historia, sociedade e cidadania – 9 ano”.). A expectativa de vida naquela Cuba era de 51 anos (Dados da Cepal). Em 2005, ano da renuncia de Fidel, a expectativa de vida em Cuba era de 73 anos (Cepal também), sendo que não hão mais casos de tuberculose, malaria, tifo ou poliomielite. Conforme foi confirmado pela UNICEF em 2005 – ano da renuncia do ”ditador tirano” – Cuba é o único país libre de subnutrição infantil.



Antes da revolução, cerca de 42% da população no campo era analfabeta, e passava fome. Hoje, ainda sob a gloriosa revolução, 99,8% da população com mais de 15 anos é alfabetizada (“The world fact book”, CIA) e Cuba lidera o ranking de qualidade na educação primaria da America Latina (NY Times, “Cuba leads Latin America in primary education, study finds”).





Quanto ao terceiro e talvez mais problemático objetivo da revolução – o da democracia – há muito que se falar. É fato, como a mídia burguesa em geral adora nos lembrar, que em Cuba não há uma mídia independente e atuante, muito menos uma mídia opositora. É fato também que a repressão teve seu lugar na Cuba revolucionaria, que fuzilamentos e execuções políticas aconteceram. Mas nada disso releva o fato de que a democratização se iniciou em 1974, com as primeiras eleições. Ate então, tínhamos passado por um período de “linha dura” da revolução socialista, que foi se descentralizando e se democratizando desde então.



Hoje, podemos perceber, há participação de opositores nas eleições cubanas, embora raramente vençam (O que é culpa apenas deles próprios, de forma alguma evidencia da censura e ditadura do governo cubano).



Na verdade, o que temos hoje em Cuba é um modelo peculiar e exemplar de democracia nascendo: Sem lobby, sem propaganda partidária, sem filiação partidária, e sem estar, de maneira alguma, submisso aos interesses norte-americanos, como é exposto por Juan Marrero em seu texto “Outra vez eleições em Cuba?”.



Ficam as conclusões do texto:



A)   Os EUA querem derrubar o regime socialista em Cuba, pois ele desafia seus interesses.



B)   O regime socialista em Cuba deu soberania para a República.



C)   O regime socialista em Cuba deu dignidade para a população cubana.



D)   O regime socialista em Cuba está criando uma nova forma de democracia.




- Da administração da pagina Centro do socialismo

Em defesa de Cuba, e do Partido Comunista Cubano!