sábado, 23 de novembro de 2013

Espaço Socialista, em PE - Esquerdas não institucionais e movimentos anticapitalistas



No Sinttel (Pernambuco) no começo de Novembro realizou-se mais um debate do Projeto Espaço Socialista. O Projeto tem aproximadamente um ano de caminhada, e é organizado por grupos de estudos independentes, o GEMARX, GEMOC e GEPMARX[1]. Periodicamente estes grupos de estudos organizam e promovem palestras ou debates, com acadêmicos, militantes até representantes de forças políticas.


Marcela Batista,
Consulta Popular
No 11º encontro do Projeto Espaço Socialista o tema abordado foi “Esquerdas não institucionais e movimentos anticapitalistas”, onde movimentos não institucionais foram convidados para a mesa, a fim de que apresentassem suas organizações, as suas leituras de conjuntura, bem como seus programas políticos (sua carta-programa de metas). As forças políticas que estiveram presentes foram: a Consulta Popular, o MEPR, a Unidade Vermelha, a Síntese Socialista.

Em nome da Consulta Popular, quem falou foi Marcela Batista. “Apesar das contradições do governo popular do PT, era bom se manter um canal de dialogo. E mesmo que reclamem do PT, se a direita for eleita será bem pior.” Foram alguns dos posicionamentos defendidos pela Consulta Popular representada por Marcela Batista. Também defendia que “espaços e entidades que a esquerda está perdendo, devemos nos esforçar para recupera-los em vez de criarmos entidades ou movimentos novos, como as tradicionais entidades de Movimento Estudantil, inclusive a UNE”.

David Cavalcante,
Síntese


Em nome da Síntese Socialista, estava na mesa David Cavalcante. “Não se pode se apegar a modelos de organizações revolucionárias antigas que serviam somente para determinada época, como foi o partido bolchevique na Rússia czarista” foi um dos posicionamentos defendidos por David. O mesmo também falou “De modelos de organizações antigos da história, se tem o método eleitoral como foi o de Allende no Chile; e também temos o modelo de formação de um grupo militarizado como um Exército que toma o Estado como num assalto ao Poder, se enfatizando a via violenta, como em Cuba ou na China e dentre outros, mas que podem ser desapropriados para o Brasil” e “Temos de buscar meios para o para o ganho dos movimentos sociais, contra opressões, o ganho da consciência social e não necessariamente a formação de um grupo ‘militarizado’”.

R. Mineiro,
MEPR

R. Mineiro em nome do MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário) falou que “Tentar justificar os erros do PT com declarações de que o PT é ‘menos pior que a direita’ é uma posição de conciliação de classe. Em SP foi a prefeitura do PT junto do governo do PSDB que trabalharam na repressão as reivindicações dos jovens contra o aumento da passagem. E foi o PT que pôs a Força Nacional pra bater em estudantes. Seja PSDB ou PT, o cassetete é o mesmo, dói de igual maneira”. Também alegou que “É importante construir novos movimentos sociais, novas formas de organismos de reivindicação que não sejam cooptadas e submetidas ao governismo”. E sobre a necessidade de meios coercivos violentos para luta revolucionária alegou que: “Desde Engels, o mesmo falava que só há dois extremos de organização política: A violência organizada da classe dominante, e a violência desorganizada das massas, e que o único meio de se chegar a revolução é tornando a violência desorganizada das massas numa expressão organizada”.
 
Bruno Torres,
Unidade Vermelha


Além do que R. Mineiro falou acerca da violência das massas, Bruno Torres representando a Unidade Vermelha falou “A necessidade do uso de meios coercivos violentos é uma necessidade histórica. A burguesia e a reação possui o mais rico aparato de repressão violenta, maior do que qualquer grupo revolucionário pode ter, então, os revolucionários não podem se dar ao luxo de não edificarem também alicerces para a vitória Militar da revolução, para resistir aos aparatos de violência da reação”. E sua avaliação sobre o governo PT era de que “Tal como na essência dos problemas sociais, a transição do Regime Militar para a redemocratização não representaram nenhuma mudança efetiva na estrutura da sociedade (as mesmas classes mandam e tem os mesmos privilégios), a transição do PSDB para o PT também não tocaram de maneira alguma no fundamental do problema, e pelas palavras do próprio ex-presidente Lula “os bancos nunca lucraram na história do Brasil como durante o governo PT”; foi o PT que colocou a Força Nacional para bater em manifestantes, e foi complacente quando as Policias em cada estado batiam e prendiam a torto e a direito.”. 

Houve intervenção do plenário e tocaram em vários assuntos, as principais dentre elas: A inserção da mulher na luta revolucionária, e questão da internet (até onde é proveitoso seu uso ou não, e a sua importância).

A Síntese Socialista alegou que, as organizações de esquerda que não se preocuparem em tratar da questão do combate a opressões (incluso aqui, movimentos feministas), são organizações desatualizadas, que tinham de deixar de serem retrogradas; numa linha parecida, a Consulta Popular reforçou a mesma ideia. E sobre a questão das mulheres, a Unidade Vermelha citou o exemplo do movimento de mulheres da Índia (o KAMS) que é um movimento antimachista ligado aos revolucionários indianos, onde “o movimento conseguiu garantir inúmeras conquistas as mulheres dentro do movimento comunista, e tem importante papel no que concerne a afastar a misoginia e o machismo das fileiras do Exército Popular, exército esse que tem entre 30% e 40% de mulheres como membros, portando armas, e sujeitas a provações que muitos homens não suportariam”.

Na questão virtual, o MEPR não se aprofundou tanto, mas reforçou a importância da edificação de veículos de informação independentes, e apresentou um jornal que o MEPR apoia, o Jornal A Nova Democracia. A Síntese Socialista – de modo muito acertado – lembrou que a esquerda não pode ficar a reboque de corporações e empresas como o Facebook no que concerne a veículos de informação, justamente por se tratar de uma corporação que pende a atender interesses bem definidos (como várias vezes censurou arbitrariamente páginas de esquerda, e deixa páginas fascistas e nazistas circularem). Nesse ponto (da questão virtual), a Unidade Vermelha defendeu que a internet era somente um meio de agitação e propaganda das ideias revolucionárias, além de servir para repasse de informações e notícias, mas nunca deve ser utilizada como algo orgânico (i.e. como método de organização); mas não reduziu a importância da internet e enalteceu que inúmeros revolucionários no mundo, ainda hoje lutam para conseguir manter portais de repasse de notícias e informação como é o portal RedBloc da Índia, que é quase como um veículo de informação clandestino para os comunistas indianos poderem se atualizar e repassar informações sobre a luta revolucionária. Além disso, no que concerne a veiculação de informações, a Unidade Vermelha, devido ao apoio que dão ao nosso jornal independente e alternativo do Vermelho à Esquerda, levaram alguns exemplares para venda e exposição.


Notas:

[1] – Respectivamente: Grupo de Estudos Marxianos, Grupo de Estudos Modernidade do Capital e Grupo de Estudos e Pesquisas Marxistas.