Reflexões do oriente: Greve Geral e a Coreia do Sul!

E os trabalhadores sul-coreanos estão em greve geral. O motivo? Um governo que planeja privatizar a malha ferroviária - o que causará a demissão de muitos trabalhadores - e que está usando mão de ferro para conseguir esse objetivo: prendeu líderes sindicalistas e demitiu 8,5 mil trabalhadores que aderiram à greve. Também ameaça com multas aos trabalhadores que continuarem ingressando em paralisações.

Mas os motivos não são apenas esses. A atual presidenta, Park Geun-Hye, é filha de um ex-ditador (e carniceiro) sul-coreano e chegou ao poder via fraude eleitoral. Esse motivo também mobiliza os trabalhadores sul-coreanos, que prometem continuar lutando no mínimo até dia 25 de Janeiro, data do primeiro aniversário da posse da fascista em questão.

Hoje, mais de 100 (cem) mil coreanos marcharam pelas ruas do país. A polícia, no entanto, afirma que foram, no máximo, 20 mil. Mas parece pouco provável que 13 mil policiais tenham sido chamados para conter uma manifestação de 20 mil pessoas.

O filósofo marxista Domenico Losurdo afirma que as classes dominantes tentam privar a classe operária de seu futuro, ao insistir que o socialismo foi derrotado; e de seu passado, ao distorcer a história e demonizar as experiências socialistas que a luta de classes já produziu. Estamos diante de um novo tipo de privação: a classe operária é privada de seu presente, já que insiste-se que suas mobilizações são muito menores do que realmente são.

E por falar nessas privações, vai ficar complicado para a mídia reacionária continuar pintando a Coréia do Sul capitalista como "democrática" e a Coréia do Norte operária como "ditatorial". Afinal, no modelo "democrático", rola fraude eleitoral, repressão, prisão de sindicalistas, demissão de grevistas... isso para não falar da Lei de Segurança Nacional, que rendeu prisão a um sul-coreano que re-tweetou uma mensagem do twitter oficial da Coréia do Norte, mas isso é assunto pra outro dia.

- João Gilberto Melato