sexta-feira, 23 de maio de 2014

Ribeirão Preto (SP) vai à rua por morte de jovem inocente

A população de Ribeirão Preto, SP, foi a rua nessa sexta-feira, 23/5, para pedir justiça. A negligência médica, o descaso da prefeita e os gastos excessivos com a Copa levaram mais uma vida de tantas que se vão diariamente: dessa vez, foi a Gabriela Zafra. Segue relato sobre a manifestação em memória de Gabriela, contra as injustiças da Copa e a negligência, para que não morram mais inocentes.

Faixa central, "Por direito à saúde!
Sem Copa!".
A cidade de Ribeirão Preto, no interior de SP, se revoltou desde a sexta-feira passada, dia 16/5, quando uma estudante de 16 anos, chamada Gabriela Zafra, dedicada e trabalhadora, faleceu por meningite, mesmo após tentar atendimento várias vezes, por mais de 5 unidades de pronto atendimento diferentes e ter recebido em troca a negligência médica. O caso revoltou outros jovens e seus familiares, já que a cidade vai receber a seleção francesa de futebol durante o Mundial no Brasil. A prefeitura da cidade já gastou mais de 7 milhões em reformas e construções para agradar a seleção francesa e a FIFA, enquanto o povo brasileiro que vive na cidade têm os serviços de saúde, educação, transporte e todos os outros cada vez mais precários e ruins. Por conta disso, a manifestação que ocorreu hoje levou cartazes contra os gastos da Copa e contra a vinda da seleção da França à cidade, contra o descaso e a negligência médica, contra a FIFA e em homenagem a jovem inocente que, como muitas outras, teve a vida levada. Continha também, bem na linha de frente da marcha, uma faixa com as escritas: “Por direito à saúde! Sem Copa!”. 

A marcha toda ocorreu no centro da cidade. Foi da escola Dom Alberto, local onde estudou a jovem e onde estuda a maioria dos jovens que aderiram ao protesto, até o Teatro Pedro II, onde havia mais um grupo de pessoas concentradas. De lá, foi direto à Prefeitura, com palavras de ordens contra as injustiças da Copa do Mundo, contra o sucateamento da saúde e em homenagem a Gabriela Zafra. Estimativa-se que cerca de 150 pessoas esteve no protesto. 


Cartazes, da esquerda pra direita:
 "Gabriela precisou de saúde, não da Copa";
"Qual Estádio salvaria Gabriela?".
Assim que a Marcha chegou à prefeitura, houve muita pressão popular contra as injustiças cotidianas de Ribeirão Preto, além da negligência dos médicos, fatores que resultaram à morte da jovem Gabriela. Vários funcionários internos da prefeitura riam do sofrimento e da revolta dos familiares, descaradamente – outros, como alguns Guardas civis municipais, chegaram a chorar ao ver o desespero dos familiares. A traiçoeira prefeita tentou conter a pressão popular até o máximo, e quando estava para estourar uma verdadeira rebelião, a mesma chamou somente o irmão da jovem e seu advogado para conversarem dentro das dependências da prefeitura [mais tarde foi sabido que a imprensa burguesa filmou toda a conversa].

Cartaz de jovem escrito:"Não aceitamos
negligência com nosso povo"
Durante todo o tempo de conversa, os manifestantes ficaram ouvindo músicas em homenagem a jovem, se revoltavam e protestavam contra os gastos da Copa. Muitos cartazes pediam "Saúde padrão FIFA" e prioridade de investimento para o povo brasileiro ao invés da FIFA.

Assim que se encerrou a conversa, ficou nítido que a prefeita queria mesmo é enganar os jovens. A revolta popular não foi calada com promessas vazias de políticos mentirosos que tentam enganar o povo. Assim que a reunião com a Prefeita havia acabado, um dos organizadores do protesto fez uma fala que dizia sobre a revolta do jovem brasileiro, que estavam revoltados e cansados de somente ouvir promessas vazias, que não se podia confiar em promessas vindas desse tipo de gente.

Os jovens que estiveram presentes hoje, na rua, com cartazes, faixas e gritos que expressavam a vontade de ter um país melhor, sem gastos com a Copa e com a FIFA, também estão cientes que a conversa com os políticos não resolvem – e demonstraram isso durante todo o ato. Só se resolve na luta, na rua, com protesto.

Se abrir a mão para a FIFA e distribuir o dinheiro que é do povo, então a mão se fecha para o povo. Gabriela poderia não ter morrido se os 7 milhões que foram investidos à FIFA, fossem investidos nos serviços essenciais para o povo brasileiro de Ribeirão Preto. A luta do povo de Ribeirão Preto continua o protesto apenas começou, e só terminará quando houver justiça e saúde.