Que as drogas são aliadas da burguesia... Isso não é novidade. Qualquer um que tentar analisar a história e até a atual conjuntura percebe isso sem muitas dificuldades. Mas, agora, quando a economia internacional se encontra em colapso total no berço da burguesia e é aberta uma perspectiva de revolução proletária nunca vista antes, a burguesia enxerga nas drogas, o mercado que enfim pode salvar o Capital e vai adiar a ascendência dos trabalhadores ao poder por mais longas décadas, assegurando mais tempo de exploração da burguesia pelo proletariado.
Para
provar mais uma vez que a burguesia tem a droga como uma arma para manter seu
poder: ela (a burguesia) vê na legalização da Cannabis Sativa (mais conhecida
como a maconha), uma distribuição da droga bem ao estilo “livre-mercado”, a
alternativa mais viável e menos “perigosa” para sair da crise atual. O jornalista americano Doug Fine acredita que a
legalização da maconha possa ajudar a salvar a economia dos EUA e,
para provar sua tese, passou um ano numa comunidade rural que tem na droga 80%
de sua economia, ou US$ 8 bilhões por ano. Segundo um professor de economia de
Harvard, entrevistado no livro, a droga poderia ter rendido aos cofres do
governo US$ 6,2 bilhões em impostos em 2011 e, após sua legalização, esse
número poderia subir para US$ 47 bilhões². Com esses dados fica explicito o
real motivo de ícones da burguesia como Eike Batista, Fernando Henrique Cardoso
defenderem, somente agora, a legalização das drogas.
Cientistas políticos afirmam que a atual vitória de Barack
Obama no pleito norte-americano, carregou consigo a legalização da maconha (que
já é legalizada em alguns lugares nos EUA, para uso medicinal na Califórnia e
até no uso recreativo em Washington³). Obama traz no seu discurso a alternativa
da legalização. Afinal, ele, teoricamente, julgou que a guerra às drogas não
deu certo. O curioso, é que a guerra às drogas foi declarada por um ícone da
burguesia, Richard Nixon, e logo após essa politica ser implantada, a mesma já
dava claros sinais de insucesso, pois não trazia nenhum beneficio social. Mas
só agora, quando o colapso no capital é imprescindível, a burguesia levanta
essa bandeira, com a falida desculpa de julgar sua atitude no passado de
errônea e que vai corrigir para salvar a sociedade do tráfico.
Sabemos que a criminalização do uso da droga também não traz
beneficio social, pois não garante que a mesma não está sendo usada, e ainda
põe o monopólio do comercio nas mãos do traficante que usa de violência
explicita para defender seu “território de comercio”, mas a saída não é
entregar o mercado nas mãos da burguesia, para que ela, por meio de reformismo,
salve o capital internacional e adie por mais longas décadas a revolução
proletária.
O agravante é ver partidos e entidades de esquerda lutar pela
legalização, sem analisar a conjuntura “pós-legalização”, e integrarem
movimentos que apoiam o que viria a ser, uma derrota para o proletário mundial,
que após a crise do inicio do século passado, ver a atual conjuntura como mais
uma grande chance para a ascensão do socialismo.
“A droga é só mais uma ferramenta do sistema, que te envenena
e te condena”, o rapper Gabriel “O Pensador” nesta frase retrata bem o papel da
droga na sociedade. O proletário não deve recorrer a uma
arma do seu inimigo contra si próprio, o proletário revolucionário não deve
lutar por uma reforma que vai levar por água a baixo a perspectiva de vitória
de sua classe perante o seu explorador. O proletariado não precisa de drogas.
Em relação a maconha, que é uma droga leve, e que pode ser
usada para outros fins sem ser estritamente o fim recreativo, podemos recorrer
sim, a “não-criminalização” da planta e também de seus usuários, porém sem se
iludir de que legaliza-la com bandeiras de “livre-circulação” da maconha sob o
capitalismo será algo benéfico a sociedade. Podemos ter a regulamentação desta
droga, sob uma sociedade socialista, tendo a criação de estufas estatais que
direcionem o uso da planta para os fins recreativos (com limite de distribuição
para um usuário registrado), medicinais e até para a produção de fibras que
podem ajudar como matéria-prima de produtos.
Não à livre-circulação das drogas! As drogas em uma economia
capitalista de livre-mercado sob o julgo da burguesia é um mal à classe
trabalhadora.
- Felipe Santana
Notas:
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2