O bacharel e licenciado em história pela UFMG,
Ricardo De Moura Faria afirma: “Mas a lei não estabeleceu os mecanismo que
deveriam ser colocados em prática para permitir que os ex-escravos pudessem se
integrar à sociedade de forma rápida e eficaz. Pelo contrário, acentuou-se o
preconceito, a não-aceitação, a dificuldade para adquirir plenamente a
cidadania, situação que se mostra problemática até os nossos dias.”
Passados 126 anos da “abolição”, os negros
brasileiros são vistos por muitos como pessoas de “segunda classe” e lutam para
reverter essa situação deplorável.
No centenário da “abolição” em 1988 a Estação
Primeira de Mangueira, questionou se a escravidão acabou mesmo. Quando na letra
do samba do carnaval daquele ano diz: Pergunte ao criador/ Quem pintou essa
aquarela/ Livre do açoite da senzala/ Preso na miséria da favela.
A senzala virou favela, o dono de escravo virou
empresário do setor agrícola, o capitão do mato virou polícia. A opressão e a
escravidão só mudaram os nomes e os rostos.
Tal situação só mudará com a total destruição do
sistema que escraviza o negro e os pobres de forma geral o capitalismo. A luta
dos povos negros contra a escravidão, a segregação racial, o apartheid, a
ditadura militar fascista, mostram que a força do povo é capaz de derrubar seus
inimigos.
E como diz a música do Mestre de capoeira Toni
Vargas, quem acabou com a escravidão foi a luta do negro por sua liberdade não
a tinta da caneta de uma princesa que se morava em um palácio pago com dinheiro
vindo da exploração do negro. Segue abaixo um trecho da música:
Dona Isabel que história é essa
de ter feito abolição
De ser princesa boazinha que libertou a escravidão
To cansado de conversa,
to cansado de ilusão
Abolição se fez com sangue
que inundava este país
Que o negro transformou em luta,
Cansado de ser infeliz
Abolição se fez bem antes
e ainda há por se fazer agora
Com a verdade da favela,
E não com a mentira da escola
Dona Isabel chegou a hora
De se acabar com essa maldade
De se ensinar aos nossos filhos,
O quanto custa a liberdade
(Dona Isabel – Mestre Toni Vargas)
— Jason Wallace