sábado, 1 de fevereiro de 2014

Arnaldo Jabor & o revisionismo

Comentários de João Gilberto Melato acerca as “coincidências” das concepções do Jabor alinhadas a certas práticas de certas agremiações “de esquerda”, onde vem se abrindo ao revisionismo e à valores universais como “democracia”, abandonando o projeto de ditadura do proletariado:

É interessante o texto "o perigo vermelho" de Arnaldo Jabor. Interessante porque, como pequeno-burguês endinheirado que é, amigado dos manda-chuvas de um grande monopólio midiático, ele tem interesses de classe a defender.

E, tendo esses interesses de classe, não faz mais do que recomendar à esquerda que siga o caminho do oportunismo e do revisionismo, os mesmos que Lênin à sua época já denunciara.

- "De cara, temos de assumir o fracasso do socialismo real": fórmula de Fukuyama que vem infectando a esquerda brasileira. Começou por infectar o antigo PCB, o PT e a CUT nos anos 90. Termina por influenciar e muito no giro à direita realizado pelo PSOL em seu último congresso.

- "A verdade tem de ser enfrentada: (...) inexiste no mundo atual alternativa ao capitalismo(...)": idem, e conclui:

- "uma 'nova esquerda' tem de procurar caminhos, sem saber para onde vai": quer dizer, a esquerda deve se adaptar à ideia de que deve buscar modelos "humanizados" de gestão capitalista, e não romper com o capitalismo. Basicamente, a esquerda deve seguir o caminho proposto outrora por Bernstein, e seguido hoje pelo PT (e pelo tão criticado Jango, em outros tempos).

- "Sem programa e incompetentes, os neobolcheviques só sabem avacalhar as instituições democráticas": quer dizer, criticar a democracia burguesa é coisa do passado ("bolchevique"). A esquerda deve aderir à democracia como valor universal (eurocomunismo, mas também novamente PSOL, ao sugerir que a ditadura proletária é um dogma ultrapassado).

Enfim, o que Jabor faz é tentar minar a combatividade dos comunistas e da classe trabalhadora ao nos empurrar a balela do "fim da história" e uma reabilitação do reformismo - ora, Lênin enterrou o revisionismo, mas se Lênin está morto, o revisionismo vive! A realidade, no entanto, é deveras diferente. Lênin não está morto, pelo contrário: jamais esteve tão certo.

A crise de 2008 escancarou que Marx sempre esteve certo.

O recém-renomeado Partido Comunista Italiano declara "Não faliu o socialismo, mas sua degeneração revisionista!". Álvaro Cunhal já havia declarado algo parecido quando da desintegração da União Soviética. O socialismo vive, o pulso ainda pulsa. E a prova disso é que Jabor tenha que empurrar um caminho social-democrata para a esquerda brasileira.

- João Gilberto Melato