sábado, 1 de fevereiro de 2014

Maioria da população da Romênia quer voltar a um sistema socialista

Depois de duas décadas de sofrer com a barbárie capitalista, de observar que o paraíso prometido servia apenas para enganar os trabalhadores e garantir o triunfo do golpe de estado de dezembro de 1989, de ver sua realidade convertendo-se em um inferno, a maioria dos romenos asseguram que querem voltar a viver sob um sistema socialista.

A pesquisa realizada pela empresa Public-Affairs, no período de 14 a 18 de julho, afirma: 53% dos romenos desejam voltar a desfrutar de um sistema socialista. 

A sondagem foi realizada no marco de um estudo outro maior, relativo à instabilidade política atual, causada pelo enfrentamento entre o Presidente e o Parlamento, e inclui outras perguntas com as seguintes conclusões:

26% dos romenos acreditam que a Romênia pode ser expulsa da União Europeia em um futuro próximo, por conta da crise política.

64% dos participantes do estudo acreditam que a Romênia não marcha pelo caminho correto e se arrependem do sistema político e econômico em que vivem. Desses romenos, 53%, como dissemos anteriormente, gostariam que o país voltasse a desfrutar de um sistema socialista.

Em resposta à pergunta “Como creem que é a imagem da Romênia perante a Europa”, 71% dos entrevistados acreditam que a imagem do país é muito ruim.

Quanto à questão sobre o regresso ao socialismo, como já anunciava o comunista assassinado pelas autoridades em 1992, Virgil Zbaganu, por sua tentativa de fazer com que o Partido Comunista Romeno continuasse atuando na vida política, a assim chamada revolução (realmente um golpe de estado antipopular) nunca teve um caráter anticomunista. Da mesma maneira, a maioria dos trabalhadores que saiu às ruas o fez para pedir mudanças às medidas de austeridade aplicadas pelos governos de Ceausescu com o objetivo de acabar com a dívida externa. O trabalho de Zbaganu pode ser consultado na recopilação de suas entrevistas e artigos “O século XXI será comunista ou não será”.

Zbaganu disse exatamente que “diz-se que os acontecimentos de dezembro tiveram um sentido anticomunista. É uma mentira grosseira. Ninguém gritou em dezembro de 1989 ‘queremos o capitalismo, queremos a pobreza, queremos o desemprego, queremos ser desprezados’. E mais, em 23 de dezembro, na fachada da fábrica de Mecânica Fina (na noite de 21 a 22, a primeira coluna de trabalhadores saiu da Mecânica Fina) se lia: ‘A fábrica é nossa’ e não ‘queremos que privatizem a fábrica’. O trágico é que os trabalhadores, ao não ter um partido que os represente, lutam até agora sob outras bandeiras”.

Hoje, os romenos continuam pensando mais ou menos igual. Por isso, 53% afirma que ficariam satisfeitos em voltar a viver em um sistema socialista. Também dizem que, no entanto, Ceausescu (e, normalmente quando se fala do presidente assassinado pelos golpistas, os romenos se referem aos últimos dez anos, justo o período em que ele decidiu liberar a Romênia da dívida externa com o FMI e com os organismos internacionais, a fim de recuperar a soberania em risco) aplicou a ideia do comunismo de forma errônea.

Mas a verdade é que depois de duas décadas de capitalismo selvagem, corte brutais, governo de uma elite mafiosa e delinquente, de destruição da indústria produtiva e da agricultura romena, inclusive na Romênia dos últimos anos de Ceausescu, quando foi preciso pagar forçadamente a dívida externa para permitir que os romenos pudesse se autogovernar (tudo isso, no entanto, sem cortes nos serviços e direitos básicos, como saúde, educação, trabalho e habitação), se vivia muito melhor que na atual Romênia, colônia dos EUA e da UE. 

- Fonte: Un Vallekano en Rumania/PrensaPopularSolidaria