sexta-feira, 18 de abril de 2014

A importância da Arqueologia para os estudos da Pré-história

Texto que abarca a questão da relação entre as disciplinas científicas da História e Arqueologia e a importância da relação entre elas para o estudo das sociedades de comunismo primitivo.

Nota do Autor: O texto foi produzido originalmente para uma atividade acadêmica do curso de História da Universidade Federal de Pernambuco. Chega a fazer menções a Gordon Childe, arqueólogo de influência marxista, e suas contribuições para o estudo da Pré-história com base nos estágios econômicos das sociedades primitivas, mas não faz referências muito “gritantes” e “escancaradas” ao marxismo, e aos marxistas neste campo, por se tratar justamente de um texto voltado a uma atividade específica de uma cadeira do curso.

Ficheiro:Gordon Childe.jpg
Gordon Childe, arqueólogo de inspirações marxistas.
Para responder a pergunta sobre qual a importância da arqueologia em relação ao estudo do período pré-histórico, temos que demarcar bem o que deve ser entendido não somente como pré-história, mas mais ainda o que é definido como Arqueologia. Há muita confusão quanto ao o que é arqueologia, e a sua importância geral dela para a História. Muitos indivíduos tendem a acreditar que a arqueologia é uma mera disciplina auxiliar da História. Muitos que estão a adentrar na academia como historiadores também carregam um pouco deste “preconceito”.

A partir dos princípios de interdisciplinaridade, a disciplina científica da Arqueologia tem o mérito de muitos conhecimentos sobre a História da sociedade humana. A Arqueologia em muito ajudou a história. No entanto, a Arqueologia já ascendeu a um status de disciplina científica em si, e não uma mera disciplina auxiliar dos historiadores.

O que é então a Arqueologia? É a disciplina que estuda as sociedades antigas a partir das análises de vestígios materiais, onde estuda as sociedades humanas já extintas a partir de objetos móveis ou imóveis (estruturas de arquitetura da antiguidade, por exemplo), ou mesmo a partir da intervenção das sociedades humanas extintas no meio ambiente.

As vezes essas definições, no nosso imaginário, pode esbarrar vez ou outra no papel dos próprios historiadores. Mas acontece que os historiadores buscam entender mais o desenvolver da sociedade humana, entender as leis de desenvolvimento dessa sociedade, realizar pesquisas de documentos, arquivos, relatos escritos e orais, de sociedades que até tenham uma “presença no passado”, mas que não necessariamente já foram extintas.

A História engloba um campo mais geral do desenvolvimento da sociedade humana, a Arqueologia engloba um tipo de estudo mais específico para sociedades humanas mais específicas (isso é, para as que foram extintas).

Daí, a partir da compreensão desses pontos, podemos começar a entender de fato a importância da Arqueologia para a História e, sobretudo, para a Pré-história, um período histórico que contempla, na prática, somente humanas sociedades extintas.

Os historiadores podem hoje se debruçar sobre vários temas referentes o modo de viver nas sociedades primitivas. Podemos observar certa proximidade, por exemplo, entre comunidades primitivas de diferentes tempos; isso é, podem ser cronologicamente distantes, mas estão num estágio de desenvolvimento que possuem semelhantes modos de vida. Podemos estudar as diferenças mais marcantes das sociedades antes e depois da “Revolução Neolítica”. Podemos inclusive pesquisar o progresso histórico dessas sociedades e a partir dessas pesquisas traçamos uma linha para identificarmos uma lei de desenvolvimento histórico nestas sociedades, ou mesmo, se não precisa ser descoberta “uma nova lei” de desenvolvimento histórico.

Os historiadores muito podem fazer ao se debruçar sobre as sociedades primitivas. Contudo, para isso, se faz muito necessário o trabalho dos arqueólogos. A disciplina científica da Arqueologia é a que, no meio acadêmico, tem bases materiais mais consolidadas para validar qualquer outro estudo, inclusive, históricos. E para historiadores que seguem correntes históricas que dão importância a essa “base material” como a linha “materialista” (mais conhecida como marxista), por exemplo, isso é um tanto quanto necessário.

Por exemplo, podemos citar o ilustre arqueólogo Gordon Childe. Sem o espetacular trabalho de Gordon Childe, muito do que concebemos hoje na História (em relação a pré-história) seria colocado de uma maneira completamente diferente. A classificação, isso é, a “divisão” que temos dos “estágios” da Pré-história em Paleolítico, Neolítico, e o conceito de “Revolução Urbana”, foi algo não plenamente inventado, mas consolidado, pelo arqueólogo Gordon Childe.

Childe, com base nos seus estudos arqueológicos que lhe davam uma base sob os “padrões” comuns na economia coletiva em determinado estágio de desenvolvimento da comunidade primitiva (com estudos realizados a partir dos artefatos), soldou uma nova síntese de períodos econômicos da Pré-história.

Contudo, Gordo Childe é só um entre tantos. Houve no meio acadêmico entre os arqueólogos outros grandes nomes também, que colocaram a Arqueologia nesse patamar de importância em relação a ciência histórica, sobretudo no que compete a Pré-história. E é esse importante trabalho que coloca a Arqueologia como uma disciplina científica que tem o seu valor, e não uma mera disciplina auxiliar a reboque da ciência histórica.

Isso é, basicamente um resumo (ou mesmo uma introdução) do motivo pelo qual a disciplina científica da Arqueologia é tão importante para a ciência histórica, e repetindo: sobretudo para a Pré-história.