Nem guerra entre torcidas; Nem paz entre classes!

A criação das Torcidas Organizadas foi responsável pela inserção do caráter popular ao futebol, um esporte que era dominado pela elite social. Foi o torcedor organizado o responsável por levar instrumentos de ritmo para as arquibancadas, juntando o samba e o futebol, e criou a moda de ir com a camisa do time ao estádio, já que até os anos 40 era comum a ida de terno ou paletó.

Nos tempo de Chumbo da Ditadura, as T.O's se juntaram ao Movimento Estudantil e deram força à luta pela liberdade popular e contra o Golpe Militar. Sem perder sua essência, elas também se tornaram uma representação política de seus torcedores.

Muito mais do que uma simples forma de entretenimento ligada ao Futebol, a formação desse movimento social serviu como voz e expressão popular. Indo contra ao caráter marginalizador que coloca as T.O's como criadores da violência dentro dos Estádios, vemos que ela, antes mesmo da criação das Organizadas, sempre esteve presente dentro, pois é um problema ligado a todo um contexto social e político de seus participantes e não meramente originado pelos Organizados.

Porém, como consequência da própria marginalização, as T.O's acabaram perdendo seu teor de representação engajada e se tornaram meio alienados de entretimento, uma quebra na essência de sua história.

É necessário fazer com que as Torcidas Organizadas voltem a ser uma representação também política da classe que a forma. Que os confrontos sejam contra os que declaram guerra ao povo, e não entre semelhantes de vivência.

Que a nossa rivalidade reine na arquibancada e nas partidas de nossos amados times, mas que, acima de tudo, lembremos que fora do estádio somos vitimas das mesmas opressões. Sendo contrário às amarras impostas e a influência do capital em suas ações, que o futebol se torne também uma ferramenta de libertação da classe trabalhadora.

Abaixo à marginalização das Torcidas Organizadas!

Por um futebol engajado!

- Mylena Cristina