E, tendo esses
interesses de classe, não faz mais do que recomendar à esquerda que siga o
caminho do oportunismo e do revisionismo, os mesmos que Lênin à sua época já
denunciara.
- "De
cara, temos de assumir o fracasso do socialismo real": fórmula de
Fukuyama que vem infectando a esquerda brasileira. Começou por infectar o
antigo PCB, o PT e a CUT nos anos 90. Termina por influenciar e muito no giro à
direita realizado pelo PSOL em seu último congresso.
- "A
verdade tem de ser enfrentada: (...) inexiste no mundo atual alternativa ao
capitalismo(...)": idem, e conclui:
- "uma
'nova esquerda' tem de procurar caminhos, sem saber para onde vai":
quer dizer, a esquerda deve se adaptar à ideia de que deve buscar modelos
"humanizados" de gestão capitalista, e não romper com o capitalismo.
Basicamente, a esquerda deve seguir o caminho proposto outrora por Bernstein, e
seguido hoje pelo PT (e pelo tão criticado Jango, em outros tempos).
- "Sem
programa e incompetentes, os neobolcheviques só sabem avacalhar as instituições
democráticas": quer dizer, criticar a democracia burguesa é coisa
do passado ("bolchevique"). A esquerda deve aderir à democracia como
valor universal (eurocomunismo, mas também novamente PSOL, ao sugerir que a
ditadura proletária é um dogma ultrapassado).
Enfim, o que Jabor
faz é tentar minar a combatividade dos comunistas e da classe trabalhadora ao
nos empurrar a balela do "fim da história" e uma reabilitação do
reformismo - ora, Lênin enterrou o revisionismo, mas se Lênin está morto, o
revisionismo vive! A realidade, no entanto, é deveras diferente. Lênin não está
morto, pelo contrário: jamais esteve tão certo.
A crise de 2008
escancarou que Marx sempre esteve certo.
O recém-renomeado
Partido Comunista Italiano declara "Não faliu o socialismo, mas sua
degeneração revisionista!". Álvaro Cunhal já havia declarado algo parecido
quando da desintegração da União Soviética. O socialismo vive, o pulso ainda
pulsa. E a prova disso é que Jabor tenha que empurrar um caminho
social-democrata para a esquerda brasileira.
- João Gilberto Melato