Estou aqui dando uma olhada nas memórias do Kim Il Sung, uma ótima obra. Achei algo que interessa muita gente aqui.
Quando surgiu a questão da "revolução
anarquista na Coreia" eu falei que ocorre uma apropriação ideológica por
parte de anarquistas do que seria um fenómeno orgânico nos assentamentos
coreanos, que as comunas existiam precedendo qualquer agitador anarquista e que
os comunistas trabalhavam com ela.
O capítulo é um capítulo sobre o
"movimento" de construir vilas ideais.Kim Il Sung está contando de
uma vila (normal, não "ideal") que ele queria cooptar para o
movimento de independência, organizar a coisa lá, no entanto os anciãos
resistiam ao envolvimento com a política, com o movimento das "vilas
ideais"(que era uma coisa meio anarquista e comunista, a coisa que disse
ser re-apropriada).
Kim Il Sung não queria fundar uma vila ideal (o que ele considerava utópico por querer construir um "novo paraíso" longe do imperialismo japonês, aquilo que eu critiquei nos anarquistas coreanos que dissolviam exército pra fazer auto-defesa) e sim uma base revolucionária, para conduzir a guerra revolucionária. Primeiro um dos filhos do ancião, que era um agitador de esquerda e já conhecia Kim faz tempo, foi lá falar com o Kim para "se livrarem dos anciãos"(isolarem os mesmos politicamente) e levantar a bandeira vermelha na vila. Kim disse que ele estava louco, que assim ele iria dividir a vila, que eles deveriam trabalhar com os anciãos (mais tarde no texto ele brinca chamando esse amigo de "Trotsky").
Kim Il Sung não queria fundar uma vila ideal (o que ele considerava utópico por querer construir um "novo paraíso" longe do imperialismo japonês, aquilo que eu critiquei nos anarquistas coreanos que dissolviam exército pra fazer auto-defesa) e sim uma base revolucionária, para conduzir a guerra revolucionária. Primeiro um dos filhos do ancião, que era um agitador de esquerda e já conhecia Kim faz tempo, foi lá falar com o Kim para "se livrarem dos anciãos"(isolarem os mesmos politicamente) e levantar a bandeira vermelha na vila. Kim disse que ele estava louco, que assim ele iria dividir a vila, que eles deveriam trabalhar com os anciãos (mais tarde no texto ele brinca chamando esse amigo de "Trotsky").
Encontrou o ancião, jantou com ele, mentiu a idade
pra ele (tinha 18 e falou que tinha 23), concordava com o velho para não
ofende-lo, etc. Acabou que o velho até falou de como a vila deles era como uma
"vila ideal", onde as coisas eram conduzidas de maneira democrática
por um conselho, sem governo, sem polícia e sem prisão - notem que ele não era
nenhum anarquista. Kim explicou suas ideias, seu projeto e descobriu que no
passado o velho tinha sido militante do PC Coreano (rachado). O velho disse que
as ideias de Kim "cheiravam a stalinismo, mas que eram boas". O velho
ainda complementou que "você não deveria pagar tributo somente a Stalin,
existe algum sentido no que disse Trotsky". Kim Il Sung ficou
impressionado com o cara lá expondo as ideias de Trotsky e perguntou porque ele
"idolatrava" Trotsky... o velho retrucou que ele não
"idolatrava" Trotsky, que ele simplesmente era contra o hábito dos
jovens de "idolatrar" esses líderes estrangeiros... que Trotsky é
Trotsky e Stálin é Stálin, e que os coreanos deveriam pensar de acordo com a
Coreia e promover a revolução no seu próprio país.
Kim Il Sung diz que a principio achou um velho trotskista mas depois entendeu que se tratava de um homem cansado de lutas faccionalistas que ele só estava alertando os jovens contra a idolatria de tudo, contra apenas falar de outros países, sobre a Rússia e Stálin, e contra copiar tudo da Rússia. O velho ainda acrescentou que achava que os jovens podiam fazer o que quiser mas que lutaria contra aqueles que saem repetindo fórmulas estrangeiras sem ter seus próprios princípios.
Por fim, notemos que Kim Il Sung, o comunista malvado sectário, não chegou matando todo mundo na vila "suprimindo sua autonomia", mas respeitando a mesma e respeitando até o “velho trosko”.
- André Drumond Ortega Filho
Kim Il Sung diz que a principio achou um velho trotskista mas depois entendeu que se tratava de um homem cansado de lutas faccionalistas que ele só estava alertando os jovens contra a idolatria de tudo, contra apenas falar de outros países, sobre a Rússia e Stálin, e contra copiar tudo da Rússia. O velho ainda acrescentou que achava que os jovens podiam fazer o que quiser mas que lutaria contra aqueles que saem repetindo fórmulas estrangeiras sem ter seus próprios princípios.
Por fim, notemos que Kim Il Sung, o comunista malvado sectário, não chegou matando todo mundo na vila "suprimindo sua autonomia", mas respeitando a mesma e respeitando até o “velho trosko”.
- André Drumond Ortega Filho