sábado, 15 de fevereiro de 2014

A posição que devem tomar os trabalhadores sobre a atual situação política municipal (Ribeirão Preto/SP)

Texto explica, de acordo com a luta de classes, qual o caminho que deve seguir o proletariado municipal de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Com a luta de classes acirrada, poder político aplicando políticas parasitárias e se desdobrando para atender às exigências da burguesia municipal, a cidade ainda conta com um agravante: será cidade-sede da delegação francesa de futebol durante a Copa do Mundo. Para suprir a demanda da burguesia nesse período, o poder político está despejando várias famílias de suas casas, e tais famílias estão se organizando em movimentaos e em aliança com organizações revolucionárias, estão buscando seus direitos. Boa leitura!
Após a seleção de futebol da França garantir classificação à Copa do Mundo de 2014, a prefeita, os grandes empresários e os grandes comerciantes de Ribeirão Preto, em ação conjunta, iniciaram a corrida para que a nossa cidade fosse escolhida como cidade-sede pela seleção da França. Para a alegria dos mesmos, sem muito esforço tiveram êxito: a delegação da França comunicou em junho de 2013 que ficaria na cidade caso confirmasse vaga no Mundial.

Darcy Vera em encontro com Embaixador francês.
A partir de então, a prefeita e os grandes comerciantes tentam, sem sucesso, nos fazer acreditar que será uma honra receber em nosso solo cansado, a delegação de futebol francesa e os investimentos que virão junto...

Os trabalhadores de Ribeirão estão cientes que tais investimentos que (eventualmente) serão feitos na cidade, na verdade, serão feitos somente em centros de consumo extremamente burgueses, que o trabalhador, operário nunca poderá usufruir pela sua condição. Alguns desses locais burgueses e comerciais estão sendo escolhidos pela FFF (Federação de Futebol da França) e FIFA para serem utilizados exclusivamente pela delegação de futebol francesa. Locais que o trabalhador ribeirão-pretano sequer sabia da existência, receberão investimentos para agradar a FIFA e a FFF.

Então, como poderiam os trabalhadores acreditarem em tal mentira? O povo trabalhador de Ribeirão Preto sabe que não haverá melhorias para eles, para quem trabalha; mas somente pra burguesia e quem explora.

Partindo dessa premissa, já nos fica claro da razão pela qual o poder público quer a presença da delegação francesa de futebol: isso trará investimentos, mas somente para os magnatas do comércio de Ribeirão Preto; isso garantirá lucros exorbitantes para a burguesia, e uma leve estabilidade para a prefeitura – que está em crise econômica pela má administração. Para suprir a demanda da burguesia municipal, a prefeitura buscou ao máximo agradar e trazer a delegação francesa de futebol (tanto que conseguiu). Logicamente que para agradar uma delegação internacional, o poder político (sobretudo a prefeitura) teve que deixar a “imparcialidade” de classe e se assumir explicitamente burguês – em outras palavras, teve que escolher seu lado nesse combate cotidiano entre classes: teve que abandonar os trabalhadores e ceder aos burgueses. E o motivo para o interesse em trazer a delegação não é outra senão pelos lucros e investimentos que receberão os grandes comerciantes de nossa cidade (com um valor esperado de aproximadamente 200 milhões de reais em apenas dois meses).

Os prejuízos dos trabalhadores pelo lucro dos grandes burgueses
A prefeitura de Ribeirão Preto, a comando da Darcy Vera, sobretudo nos últimos meses, tem se dedicado inteiramente a cumprir as exigências da burguesia, custe o que custar:
A ampliação do Aeroporto Leite Lopes (que passará a fazer mais carga e descarga de produtos, exigência da burguesia); o desinteresse para construir as casas populares (pois a construção de casas populares não dá lucro às grandes construtoras); e várias outras atitudes da prefeita vem mostrando seu caráter burguês, de governar para os proprietários.

O que deixa ainda mais explícito esse caráter burguês da Darcy Vera é que, todas essas atitudes citadas resultaram em formação de mais núcleos de favelas, tornando ainda mais precária a vida do trabalhador ribeirão-pretano, agora sem-teto. A razão desse aumento nos núcleos de favelas é porque, para ampliar o Aeroporto Leite Lopes, foi necessário despejar as famílias que viviam em alguns locais próximos demais do Aeroporto – e esse despejo foi feito sem nenhum planejamento prévio de para onde iriam tais famílias. Como se não bastasse, a prefeita não se interessa em construir as casas populares, por ser muito pouco lucrativo às construtoras, que estão mais interessadas em construir apartamentos extremamente burgueses na zona sul.

A consciência política dos trabalhadores está formada

Ato de movimentos sem-teto; bandeiras da Unidade Vermelha.
Os trabalhadores de Ribeirão já têm ciência de tais fatos, do motivo e real objetivo sobre a vinda da delegação francesa de futebol a Ribeirão Preto, depois de tanto perderem na luta política cotidiana para os grandes comerciantes (que resultou em muitos trabalhadores sendo despejados, sem casa e com seus serviços básicos afetados pelas greves (como a greve dos funcionários da saúde e a situação precária da educação municipal)). 

Tanto estão conscientes que, depois de protestarem passivamente com movimentos de reivindicações e não receberem sequer informações sobre suas situações, grupos de famílias sem-tetos ocuparam sem demora vários terrenos da prefeitura em vários bairros da cidade, sobretudo na zona norte/oeste, intensificando em pouco tempo o trabalho de mais de 20 movimentos sem-tetos, e conseguindo moradia provisória para dezenas de famílias.

Bandeira da Unidade Vermelha durante ocupação à Câmara.
Temos também o movimento dos professores da rede municipal, igualmente consciente de sua posição de afetado em prol dos lucros das classes dominantes municipais, os grandes comerciantes da cidade.
Nas últimas sessões da plenária do ano passado (2013), se aliaram com organizações revolucionárias e, em ação conjunta com tais organizações (Unidade Vermelha e outros movimentos independentes), impediram que ocorressem todas as últimas sessões do ano, pois os parasitas do poder legislativo tentavam aprovar um projeto antipopular que afetava a educação e a categoria dos professores.

Não somente, os movimentos independentes dos trabalhadores estão se aproximando e fazendo alianças com organizações revolucionárias, pouco a pouco, para estabelecer uma grande frente poderosa de reivindicação e combate contra os parasitas que espoliam o povo de nossa cidade.

O trabalhador ribeirão-pretano, sobretudo, deve seguir firme enfrentando e se organizando para combater os parasitas e sanguessugas que lhes toma seus direitos. Deve esclarecer aos seus camaradas trabalhadores, o povo de Ribeirão, sobre o real motivo da delegação francesa de futebol e da FIFA estarem em Ribeirão Preto. Deve utilizar desses e muitos outros exemplos cotidianos expostos aqui no texto, exemplos de privilégios que o poder político cede aos grandes proprietários, grandes magnatas da indústria e do comércio, para continuarem lucrando sobre a desgraça do povo. 
Somente com a organização se faz a ação, e só com a ação se faz a mudança!
  
- Victor Bellizia.