Muitos cubanos denunciam que acontecem coisas muito estranhas com suas páginas e perfis nas redes sociais mais populares. Desaparecem com frequência os tweets ou há um bloqueio massivo das postagens que às vezes coincidem com datas memoráveis para os cubanos. Nestes casos nem sempre é possível determinar quem interfere nos murais das redes sociais. E ainda mais quando, em algumas ocasiões, parecem simples falhas técnicas.
Tendo redes sociais próprias e armazenadas digitalmente em Cuba,
sua população corre menos risco de ser silenciada no mundo virtual, pelo menos
no que se refere ao espaço Ponto CU, La Tendedera e Reflejos
são as alternativas cubanas ao Facebook e ao Livejournal que
começaram a ter grande popularidade no país. “Há muitas ferramentas que são
úteis, sobem vídeos, sobem imagens, se compartilha música, além da
interatividade dos próprios usuários”, comenta um internauta cubano. “Para
uma página nova, tem muitas possibilidades. A nós, usuários cubanos que a
estamos usando, nos dá muita alegria utilizar essa página porque nos deu muita
abertura”, acrescentou outro usuário.
O
grupo de desenvolvedores CubaVa agora está trabalhando no Pitazo, um projeto
que deverá ser a réplica do Twitter. Ele vai contar com possibilidades de
interagir, colocar anúncios e promoções e também incluir espaços para a busca
de trabalho. Assim como no caso da La Tendedera, o desenho da interface terá
temas nacionais. “Queremos criar a alternativa de uma rede social que seja
manejada com princípios cubanos, com coisas para os cubanos, quer dizer, coisas
que são baseadas em nossas raízes, em nossos princípios, porque muitas redes
sociais internacionais são muito gerais e no final não te identificas com a
rede”, comentou Julio César Torres, desenvolvedor principal da La Tendedera.
Para
muitos cubanos que não têm internet em suas casas, as redes sociais nacionais
são uma forma de não perder contato com familiares e amigos. Os centros de
computação especializados oferecem as ferramentas necessárias para atualizar
constantemente o perfil de cada um. E ainda que os criadores destas páginas
falem com muita cautela sobre o futuro de seus serviços, não descartam que suas
ideias possam interessar para além do território da ilha. “Todos estes projetos
que estão sendo levados a cabo pelo grupo CubaVa é um pequeno passo em um
futuro onde tenhamos uma independência tecnológica, uma independência
tecnológica para que se saibam realmente as coisas de Cuba. E se conseguimos
crescer como pensamos, é muito possível obter alguma colaboração de alguns
países da América latina, dependendo do crescimento que tenhamos e da aceitação
que tenha todo o projeto”, acrescentou Torres.
É
evidente que as redes sociais da ilha não se propõem a conquistar o ciberespaço
como fizeram Twitter e Facebook. Mas o fato de que Cuba deu seus primeiros passos
nesse terreno significa que o país caribenho vai em uma direção que lhe vai
permitir deixar no passado a percepção de que a ilha e a internet são duas
palavras desconectadas.
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Fonte: CubaDebate. Tradução de Alexandre Haubrich