De
acordo com relatos extraídos durante a produção do livro, o secretário de
segurança do Governo Sérgio Cabral, José Mariano Beltrame, teria atuado como
agente infiltrado no movimento estudantil em Porto Alegre.
“Gaúcho
de Santa Maria, Beltrame, jovem agente em início de carreira no começo dos anos
80, acompanhou Telmo (Telmo Fontoura, o chinês, agente infiltrado no movimento
sindical e estudantil gaúcho nos anos 80.) numa assembleia estudantil em que a
presença dos policiais foi denunciada por participantes não alinhados com a
direção da Umespa (União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto
Alegre). Quando alguém anunciou ao microfone que havia policiais monitorando o
encontro, vários jovens deixaram às pressas a reunião. Eram agentes: – O
pessoal do DOI-Codi e da Dops da Polícia Civil também estava lá. Quando
anunciaram que tinham policiais lá, todos correram, inclusive eu e o Beltrame
(José Mariano Beltrame) – descreve Telmo, sem conter o sorriso.” relata o livro
de Carlos Wagner, Carlos Etchichury e Humberto Trezzi.
Em
relato, a esposa de Telmo Fontoura, Magda Ribeiro Tavares, também confirma a
presença de Beltrame como agente infiltrado. Magda informa que não desconfiou
quando conheceu o marido e o Beltrame pois estavam na porta da escola, ela
acreditava que eram estudantes normais, “Ele (Beltrame) era novinho, ele estava
entrando. Era o primeiro dia de serviço dele”, informou em relato que pode ser
escutado na integra a seguir.
Procurado
pela produção do Livro em janeiro de 2010, a assessoria do Secretário da
Segurança do Rio de Janeiro enviou mensagem no dia 28 daquele mês, negando que
o Secretário tenha atuado como agente infiltrado, mas confirmando a presença na
reunião citada por Telmo: “Ele (Beltrame) ingressou na Polícia Federal em 1981,
como agente. Ele (Beltrame) nunca atuou como agente infiltrado no movimento
estudantil. O fato citado ocorreu uma única vez. Houve uma reunião na Umespa na
qual ele (Beltrame) acompanhou Telmo, mas não como agente infiltrado.” No
entanto a assessoria não informou o que Beltrame, agente da Polícia Federal,
fazia numa assembléia de estudantes secundaristas.
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Chico Motta. Fonte: Vírus Planetário