Em 2014 se inicia a Copa do Mundo e todo a movimentação
econômica que vem junto. Em relação com Ribeirão Preto, que há de receber as
seleções da França e de Honduras em nossas terras, nos parece muito conveniente
de que a prefeita tenha pensado em outra coisa a não ser atender às
necessidades da burguesia estabelecida em Ribeirão Preto, internacionalizando o
aeroporto para ser uma cidade conveniente para abrigar duas delegações
internacionais de futebol, aquecendo o mercado de hotéis, restaurantes e todo o
tipo de comércio gerado pela alta burguesia. Ou seja, no final, tudo não passa
de um jogo político classista, onde a burguesia precisa e o Estado faz
acontecer.
1. Prefeita Dárcy Vera, em nota:
“Internacionalizar o Aeroporto Leite Lopes sempre foi uma de
minhas batalhas à frente da Prefeitura de Ribeirão Preto. Ampliar galpões,
número de voos, pista e aumentar a capacidade de carga e descarga. Tudo isso
para dar mais estrutura aos passageiros e às empresas. Nosso aeroporto terá mais capacidade para
atender todos. São passos importantes e fundamentais. E eu tenho trabalhado
incansavelmente para que o Leite Lopes se desenvolva.
Nos últimos dias, recebi empresários e representantes de indústrias de Ribeirão
Preto que se
mostram preocupados com o andamento das obras no aeroporto.
Fiquei bastante preocupada sobre o novo relatório.
A realização de mais um longo estudo
atrasaria as obras e todo investimento. Há um cronograma a ser cumprido. Os empresários contam
com essas obras e com o [cumprimento] do cronograma."
(Para entender mais sobre os jogos políticos que a burguesia fez
historicamente em torno desta ampliação do Aeroporto Leite Lopes a todo custo,
além de beneficiados, acesse: http://novoaeroportoribeiraopreto.blogspot.com.br/)
Mas, e sobre as famílias despejadas? Para onde vão? De onde
sairão às novas moradias? Será que, pelo menos, as casas vão sair de alguma
reforma urbana? Não.
2. No portal da cidade de Ribeirão Preto foi lançada uma
nota:
“A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, conseguiu, junto ao
Governo do Estado, mais uma ação prática tendo em vista às adequações
necessárias para viabilizar a posterior internacionalização do Aeroporto Leite
Lopes. Na manhã desta quarta-feira, dia 30, ela esteve reunida, em seu
gabinete, no Palácio Rio Branco, com o superintendente do Departamento
Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp), Ricardo Volpi, e técnicos da Dersa,
ocasião em que anunciou a atribuição de 372 apartamentospara
famílias que estão no entorno do Leite Lopes e deverão sair da área definida
como “Curva de Ruído”, antes do início efetivo das obras de ampliação da pista.
Essa ampliação visa a operação de aviões de grande porte, como os de
carga.
Esses apartamentos, que estão quase prontos, foram construídos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), no conjunto Eugênio Mendes Lopes, região do Anel Viário. Mediante entendimento entre Prefeitura e o Governo do Estado, por meio do Daesp, esses imóveis serão utilizados para atender a demanda das famílias que precisam deixar o entorno do aeroporto.”
Segundo a nota, todas as famílias que moravam nas áreas de
entorno do aeroporto que foram despejadas irão receber nova moradia, ao todo,
serão 372 apartamentos.
Seguindo a nota:
"Deslocamento dos 500 metros da pista – Para atender a
demanda da Cohab-RP (programa de moradia ‘popular’), a CDHU firmará outro
convênio para a construção
de novas casas, já que esses apartamentos seriam
inicialmente atribuídos a
famílias inscritas na Cohab-RP.
Diante dessa nova situação e definida a necessidade da saída das
famílias da ‘Curva de Ruído’, o Daesp estará desimpedido para o início das
obras de deslocamento da pista em 500 metros na direção da avenida Thomás
Alberto Whatelly, nas proximidades do Quintino Facci I."
Então, segundo a nota: os apartamentos que serão justamente
entregues às famílias despejadas do entorno do aeroporto já seriam entregues
como moradia popular às outras famílias em situação de pobreza. Para atender a
burguesia, a prefeitura, sob comando da atual prefeita, sequer houve o trabalho
de planejar previamente e entregar as casas às famílias do entorno do
aeroporto, sem colocar em mais uma longa fila de esperar outras 372 famílias
sem casa própria.
O Estado no cotidiano da classe operária de Ribeirão Preto é
este: um comitê burguês, gerindo os interesses dos empresários e grandes
comerciantes, despejando famílias operárias e atrasando entregas de casas
populares em troca da internacionalização de um aeroporto para atender
delegações internacionais de futebol, crescendo a demanda da burguesa zona sul.
Notas: